Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Tudo vai ficar bem

Francisco não se abateu quando recebeu a notícia de que estava doente. Gravemente doente. Os pais, bem relacionados no estrangeiro, trataram logo de ajeitar hospital especializado nos Estados Unidos. Já Francisco, aguerrido, só queria que a irmã caçula, Mariana, ficasse bem. Foi ele, desde os 12, quando o pai e a mãe assumiram compromissos além da conta na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que sempre cuidou da menina.

Aos 22, cheio de vida, o diagnóstico de mal devastador assombrou o coração de Francisco, estudante de geografia e escoteiro. Contudo, ele se manteve firme. Por amor a pequena Mariana, de 10. Na rua em que morava, na Região da Pampulha, havia outro motivo para Francisco manter-se cheio de esperanças. A bela Catarina, estudante de teatro, voluntária em hospital infantil e ex-namorada.

O fim do namoro foi justamente no dia em que Francisco soube o resultado dos exames e a viagem já acertada para a próxima semana. Dois golpes em menos de 8 horas. Catarina foi dura e direta: “Acabou. Não dá mais. Estou gostando de outro e não posso mais enganar você”. Francisco ouviu em silêncio. Sorriu miúdo, em silêncio, e levou Catarina até a porta. E só.

Quem procurou ficar do lado do escoteiro, logo que soube, foi o único amigo, também vizinho: Fabinho. Francisco precisava dividir o drama com alguém e chamou Fabinho para “a conversa mais séria de todos os tempos”. “É sério. Acho que tô indo, sem volta, Fabinho… e quero que você me prometa que vai cuidar da Mariana por mim. Promete?”

Fabinho disse “sim”. Não teve muito mais a dizer. Estava com o coração em frangalhos, tomado pelo drama de Francisco, o melhor amigo. Silêncio e angústia no banco da praça em flor. Sem rumo, o Fabinho. Especialmente, porque estava de caso com Catarina.

Vida Bandida - Jefferson da Fonseca Coutinho

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